Inovação em Odontologia: dicas e etapas!

Desde o início de sua jornada, a Angelus tem a inovação como meta. Nesta entrevista, Cesar Bellinati revela dicas e etapas das inovações...

Angelus

8 min. de leitura

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27 de maio de 2022

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Entrevista com Cesar Bellinati

Desde o início de sua jornada, a Angelus tem a inovação como meta, ela é o guia para determinar todos os marcos de sua história. Atualmente, a Angelus soma diversos prêmios de inovação e destaque tecnológico, além de certificações de reconhecimento internacional. O Departamento de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação é composto por laboratórios e uma equipe de mais de 10 pesquisadores de diversas áreas do conhecimento.

Para explicar melhor como se dá o desenvolvimento de produtos inovadores na Angelus, nós conversamos com o Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento – Cesar Bellinati. Cesar é Engenheiro com Mestrado em Ciências pelo ITA, possui MBA em Gestão de Negócio pela ESPM, e Especialização em Gestão da Inovação pela UTFPR. Confira abaixo suas dicas práticas para quem está buscando inovar em Odontologia!

 

Pergunta 1) O que é preciso saber para começar a inovar?

O primeiro passo para inovar é identificar um problema relevante do cliente, e para isso é fundamental saber quem é este cliente e quais são as dificuldades que ele tem ao utilizar um produto ou serviço ou ao realizar determinada atividade. Isso parece básico, mas no geral, as empresas têm dificuldade em ter esta clareza sobre quem é o seu cliente. No caso da Angelus, por exemplo, com o passar do tempo, foi possível conhecer e definir melhor o nosso cliente, e este entendimento traz assertividade em se propor uma solução inovadora.

Por exemplo: O endodontista precisa realizar o tratamento de canal de uma maneira rápida e com bons resultados pós-clínicos. O acompanhamento deste paciente pode durar anos. Uma necessidade do endodontista é conseguir ver claramente a situação do dente antes, durante e após o tratamento, por isso, cabe ao departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Angelus inserir componentes que tenham propriedade de alta radiopacidade.

 

Pergunta 2) Quais são os processos envolvidos no desenvolvimento de um novo produto?

Na Angelus, a gente divide o processo em dois momentos:

  • Gestão da Oportunidade, onde um colegiado multidisciplinar com engenheiros, químicos, farmacêuticos e dentistas, discute exaustivamente um problema e suas possíveis soluções. É utilizada uma ferramenta chamada canvas, onde é produzido um documento que servirá de escopo para o desenvolvimento do produto. Esta etapa é fundamental para conseguirmos entregar algo de valor para o dentista. E nós sempre convidamos profissionais de fora da empresa, formadores de opinião, para tornar este processo ainda mais rico.
  • Gestão do projeto, que é o momento mais longo e trabalhoso do processo. Após a definição do produto ou serviço é iniciado um processo tradicional de gestão de projetos, com etapas que envolvem planejamento, execução, acompanhamento e correção.

Em média, o processo completo leva em torno de 3 anos, entre a concepção da ideia e a entrega do produto.

 

Pergunta 3) Como saber se um determinado produto é, de fato, inovador?

Há várias definições para produto inovador, na minha opinião, a que melhor define diz: um produto novo colocado no mercado com sucesso comercial.

Pois, quem define se o produto é inovador é o mercado, com os clientes adquirindo o novo produto por entenderem que a solução proposta tem valor agregado às suas demandas e estão dispostos a pagar pelo preço ofertado.

E, também, é preciso considerar que a inovação nem sempre precisa ser algo totalmente novo. No caso do MTA por exemplo, nós percebemos que os dentistas do Brasil precisavam dele disponível em pequena quantidade, ao contrário do que temos no mercado externo, onde oferecemos o biocerâmico em frascos de 1 g.

 

Pergunta 4) Como mensurar o impacto de um produto inovador na área de Odontologia?

Produtos inovadores trazem benefício para os seus usuários, e na Odontologia não é diferente. Participando de uma das edições do Dental Canal, a maior feira de endodontia do Brasil, certa vez eu ouvi um relato sobre a área de endodontia ter voltado a se tornar interessante para o dentista porque as mudanças nos biocerâmicos, limas rotatórias e microscópio estavam influenciando diretamente a quantidade de tratamentos que um profissional consegue realizar. E isso aconteceu diretamente por causa da inovação, com impacto perceptível no crescimento do mercado.

O BIO-C SEALER, por exemplo, que é um cimento endodôntico pronto para uso, faz o endodontista economizar tempo durante o procedimento e, por ser bioativo, resulta em uma recuperação pós-operatória mais rápida. Como o dentista é remunerado por tempo de cadeira, quanto menor tempo de procedimento ele tiver, mais pacientes ele consegue tratar e melhor será o desenvolvimento profissional dele.

 

Pergunta 5) Ao longo do desenvolvimento dos produtos na Angelus, qual foi o momento mais marcante para você?

Nessa trajetória de mais de 17 anos, o produto mais desafiador para o time foi o BIO-C SEALER ÍON, desenvolvido para atender a uma demanda do mercado americano. Em apenas 3 anos nós desenvolvemos um novo Biocerâmico, conseguimos a patente Internacional, a autorização de comercialização junto ao FDA e, fizemos o lançamento nos EUA com grande a aceitação por parte dos Endodontistas americanos, o que torna o produto um grande sucesso! Não fosse esta inovação, nós não teríamos tanta presença no mercado americano, por isso me orgulho bastante deste caso.

 

6) O processo de criação de produtos inovadores é diferente da criação de um produto convencional?

Sim, porque a criação da inovação deve, por definição, desafiar o convencional. Por exemplo, o Splendor foi pensado para substituir o sistema de pinos convencional – onde há pinos de diferentes tamanhos para atender canais estreitos, médios e amplos. A inovação aqui é ter um único pino para qualquer situação.

 

Pergunta 7) Quais são os desafios em se inovar em Odontologia no Brasil?

Como o Brasil é um mercado bastante sensível a preço, o nosso desafio é convencer o cirurgião-dentista brasileiro a investir em inovação. Boa parte dos endodontistas do nosso país ainda estão usando cimento obturador de segunda geração. Atualmente, 90% do nosso faturamento em BIO-C SEALER, por exemplo, vem do mercado externo.

O desenvolvimento de um produto novo requer investimentos, e no caso de dispositivos médicos, o desenvolvimento deve atender a exigentes normas regulatórias para assegurar qualidade e segurança. No final, é esperado que o produto entre no mercado com um preço posicionado acima dos convencionais, devido também à solução que se propõe.

 

Pergunta 8) Como você vê a relação de parceria entre indústria, universidade e dentista no desenvolvimento de produtos inovadores?

Temos que provar clinicamente que o produto é seguro quanto à sua intenção de uso, por isso a parceria com universidade e cirurgiões-dentistas é imprescindível. Com a universidade nós realizamos os estudos clínicos e com os cirurgiões dentistas nós temos o teste clínico para verificar o desempenho do produto. Esta verificação ocorre desde a abertura da embalagem, até o resultado após o procedimento. No caso dos biocerâmicos, por causa do tratamento de canal, o acompanhamento pode durar de 2 a 5 anos.

São eles que dão credibilidade para os nossos produtos, mostrando que há valor agregado frente a outras soluções presentes no mercado. Por vezes, o produto pode ser validado em testes de laboratório, porém ser reprovado na etapa de estudo clínico. Quando isso ocorre, nós voltamos etapas do processo, mudamos o que for preciso e continuamos o desenvolvimento.

 

Pergunta 9) Como a Angelus incentiva e apoia iniciativas inovadoras com colaboradores e com a comunidade científica e acadêmica externas?

A Angelus tem uma postura Open Innovation (inovação aberta) em relação a ideias para novos produtos, estamos sempre abertos a receber sugestões e utilizar nossa metodologia para melhor aproveitar o seu potencial. O principal canal de entrada de ideias é oriundo do estreito contato com formadores de opinião e dentistas do mundo todo.

Com a metodologia que criamos, nós conseguimos manter o foco para que as soluções que pensamos seja adequada ao cliente que temos. Só abrimos exceção quando o projeto é muito promissor, como aconteceu com o lançamento do Jacarezinho e do Dental Album, da linha de Odontopediatria (Angie). Ambos são sucesso de vendas até hoje.

Para os colaboradores, como gestor, eu vejo que o conhecimento científico (engenharia de materiais, química e física) da equipe é fundamental. Independentemente do quão heterogênea seja a equipe, todos precisam estar bem capacitados com conhecimento técnico. Aliar isso às competências em Odontologia clínica também faz parte do processo para evoluirmos nas inovações.

 

Uma dica que posso compartilhar com os dentistas que querem inovar: cuidado com a “miopia do marketing”. É muito comum olharmos apenas para a própria solução, em vez de entender o problema a fundo. Pode acontecer da solução não funcionar, ou de não haver problema, ou se perceber que há outras soluções mais simples para a situação. A inovação precisa superar questões como estas.


Se você quiser entender melhor sobre os desafios da inovação e Odontologia, aproveite para ler a entrevista exclusiva que fizemos com o fundador e presidente da Angelus, Sr. Roberto Alcântara.

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