Irrigação passiva ultrassônica: qual é a sua importância?

O sucesso do tratamento endodôntico depende, essencialmente, de uma cautelosa sanificação do sistema de canais radiculares. Nesse sentido, a ativação ultrassônica da solução tem um importante papel. A prática apresenta uma capacidade de potencializar a ação das substâncias irrigadoras, complementando o preparo biomecânico. Para um melhor entendimento sobre a importância desse método nos procedimentos endodônticos, […]

Angelus

7 min. de leitura

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12 de maio de 2023

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O sucesso do tratamento endodôntico depende, essencialmente, de uma cautelosa sanificação do sistema de canais radiculares. Nesse sentido, a ativação ultrassônica da solução tem um importante papel.

A prática apresenta uma capacidade de potencializar a ação das substâncias irrigadoras, complementando o preparo biomecânico. Para um melhor entendimento sobre a importância desse método nos procedimentos endodônticos, entrevistamos Bruno Crozeta (CRO-SP: 128.668), especialista, mestre e doutor em Endodontia. Boa leitura!

 

O que é a irrigação passiva ultrassônica?

A irrigação passiva ultrassônica é um conceito utilizado há muitos anos, especialmente após um estudo em 2007. Ela consiste em inserir uma ponta lisa dentro do canal inundado por soluções, e fazer uma agitação ultrassônica.

Foi chamada de passiva porque anteriormente a esses estudos, esse procedimento utilizava limas endodônticas. Elas provocavam cortes e desgastes nas paredes dentinárias para agitar as soluções utilizadas no canal.

Então, a partir do momento em que começaram a ativar a solução com pontas lisas, a técnica passou a ser denominada irrigação ultrassônica passiva. Porém, sabemos que de “passiva”, fisicamente falando, ela não tem nada.

É por isso que nos últimos anos, os trabalhos que abordam tal assunto têm chamado essa técnica de “irrigação ativada por ultrassom”.

 

Como pode ser feita a agitação mecânica da solução irrigadora dentro do canal?

A agitação pode ser feita por diferentes formas. As mais conhecidas são as sônicas e as ultrassônicas. A primeira pode ser exemplificada com o EndoActivator, ativador sônico muito utilizado nos EUA, e que ainda hoje é adotado por diversos profissionais.

E a segunda e mais conhecida e estudada na literatura, que mostra resultados muito positivos, é a agitação por ultrassom. Consiste em inserir uma solução no canal e agitá-la com a ponta do ultrassom. Essa agitação promove três efeitos biológicos principais:

  • Geração de calor — potencializa a ação das soluções;
  • “Acoustic microstreaming” — parte dinâmica da solução;
  • Cavitação — geração de bolhas no meio líquido, contendo quantidades variáveis de gás ou vapor.

Todos esses efeitos ocorrem após uma agitação mecânica ultrassônica da solução.

 

Qual é a importância dessa técnica para o tratamento endodôntico?

A agitação ultrassônica da solução tem a sua importância em diversos aspectos. Uma vez que tratamos de complexidades anatômicas do canal radicular, precisamos de medidas que levem a solução, de maneira mecânica, para diferentes áreas do canal em que o instrumento não toca. Isso já define a sua relevância.

Outra vantagem é que pelo fato de o ultrassom gerar calor, esse aquecimento das soluções promove um aumento da eficácia em decorrência da potencialização das ações dessas soluções, que também ajudam muito no tratamento endodôntico.

Tem, ainda, sua significância demonstrada na literatura atual, em relação aos efeitos positivos da agitação da medicação intracanal. Dessa forma, a importância da agitação vai desde a sanificação até a potencialização de medicamentos.

 

Quais são os seus benefícios?

Podemos dizer que dentre os principais benefícios da agitação mecânica por meio de ultrassom da solução irrigante está a ação mecânica e física. O método permite levar a solução para os diferentes desafios anatômicos do sistema de canais radiculares.

Tem uma ação antibacteriana na sanificação dos canais, por meio do efeito biológico que ela causa. Na literatura, temos estudos que mostram isso de maneira isolada. Além disso, tem-se a redução de debris dentro do canal radicular, assim como uma redução de remanescente de material obturador produzido durante o retratamento endodôntico.

 

Quais tipos de instrumentos existem para a realização da técnica?

Há uma série de instrumentos que nos permitem fazer a agitação mecânica da solução. Basicamente, contamos com a sônica, a ultrassônica ou a multissônica, como a GentleWave®, que também é utilizada.

Hoje, temos a EndoActivator, que é uma forma sônica. Também há outros métodos, como o Easy Clean, um instrumento utilizado em contra-ângulo em baixa rotação. Assim como o XP Clean, que entra no canal em 800 rpm, e em um minuto de funcionamento, muda a sua forma, “chicoteando” dentro do canal.

Em relação às ultrassônicas, a indicação são pontas finas de pequeno calibre, de baixo taper, lisas e que promovem a agitação adequada como a Irrisonic da Helse Ultrasonic.

E por último temos as técnicas multissônicas, objeto de diversos estudos recentes. Esse é o caso da máquina GentleWave®, que custa quase US$80 mil, e que também promove a agitação mecânica da solução por meio de uma dinâmica de fluidos avançada.

 

Qual é o melhor tipo de inserto ultrassônico a ser utilizado?

Os melhores insertos para tal função precisam ter, basicamente, baixo tip e baixo taper para ter espaço necessário para agitarem a solução no canal radicular. Além disso, precisam ser elaborados com materiais de qualidade para evitar fraturas, já que muitos profissionais têm medo de utilizar o ultrassom para agitação por receio desse tipo de intercorrência.

Nesse sentido, grande parte dos materiais são à base de aço cirúrgico ou aço inoxidável, e alguns instrumentos de NiTi.

E vale lembrar que, a qualidade do aparelho de ultrassom também vai influenciar não só na durabilidade do inserto, como também na eficácia da agitação.

 

Como a irrigação passiva ultrassônica pode ajudar na penetração do cimento obturador nos canais laterais/acessórios?

Alguns estudos na literatura afirmam que se você agitar, fazendo três ciclos de 20 segundos ou ciclos de um minuto de cimentos, especialmente à base de resina epóxi, consegue promover maior penetrabilidade do cimento obturador nos túbulos dentinários.

Isso porque a partir do momento em que agitamos cimentos resinosos, alteramos a tixotropia deles, deixando-os mais fluidos. Ou seja, eles escoam mais, penetrando com maior facilidade nos sistemas de canais radiculares.

Porém, ainda não foi comprovado se esse procedimento pode aumentar ou diminuir o sucesso do tratamento endodôntico. Dessa forma, antes de se preocupar com o quanto mais se deve penetrar nesses canais para preenchê-los, é importante pensar no quanto está limpando.

Quando falamos sobre irrigação de etapas operatórias para potencializar a agitação da nossa solução, não podemos nos esquecer dos princípios básicos de sanificação e de irrigação dos canais radiculares. Isso envolve ter o volume e o tempo para a solução agir.

Então, não se trata apenas de pensar na parte mecânica e em como realizar a agitação, se por ultrassom ou sônico, mas também de fazer uma irrigação convencional com qualidade, com seringa e agulha, envolvendo volume e tempo para a solução agir dentro do canal radicular.

A agitação ultrassônica da solução é muito importante, já que para melhorar a sua ação física, é preciso chegar em lugares em que o instrumento não alcança. Além disso, remove mais debris, reduz as bactérias e potencializa as medicações.

Como vimos, a irrigação passiva ultrassônica, também chamada irrigação ativada por ultrassom, tem um importante papel em tratamentos endodônticos. Ela potencializa a ação das substâncias irrigadoras, levando a solução de maneira eficiente para o complexo sistema de canais radiculares. Além disso, promove ação antibacteriana, bem como a redução de debris e de materiais obturadores oriundos de retratamentos.

Essas informações foram úteis? Para saber mais sobre produtos de qualidade para tratamentos endodônticos, entre em contato conosco!

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